ENTREVISTA: Lidiane Bertê fala sobre a prova de fogo que ultrapassou logo ao nascer

ENTREVISTA: Lidiane Bertê fala sobre a prova de fogo que ultrapassou logo ao nascer

Foto: Nathália Schneider/ Montagem: Liandra Rodrigues


A proprietária da Carniceria Del Fuego, Lidiane Bertê, participou do programa Inspiração e revelou de onde vem a força que a impulsiona. Empresária, psicóloga, filósofa e dona de mais um extenso currículo, ela reconhece mulheres que fazem parte de seu alicerce. É uma rede ampla e contínua, em que as memórias de vivências vão sendo resgatadas em várias passagens da trajetória.


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​Provocada a falar sobre as mulheres que impactaram sua vida, Lidiane Bertê não tem dúvidas. A primeira inspiração é a mãe, Ana Estoqueiro, que educou as filhas para serem mulheres independentes que não repetissem sua história.


– A mãe traz muita força. Ela nasceu no interior, numa família tradicional, sendo a única mulher de vários irmãos, na época em que homens podiam estudar e as mulheres não. E ela queria muito estudar. A história dela também traz algumas escolhas que não foram dela, mas da família.


Para Ana, o casamento foi a alternativa para sair de casa e poder estudar, diz Lidiane. E acrescenta o que chama de “cenas fortes” da vida da mãe, que dava aula de dia, no interior onde moravam, e, à noite, viajava para estudar em Santo Ângelo.

 
– Ela estava grávida. Eu, a mais velha, estava na barriga dela. Quando estava voltando da aula na faculdade, começa a sentir as contrações e fica na cidade, em Tucunduva, o único lugar que tinha hospital na época. Não tinha plantão, e o médico não quis ir atender àquela hora. Aí ela fica, sozinha, tendo contrações. Quando o médico faz o parto por fórceps, pois já não tinha mais contrações, eu nasço praticamente morta. A minha sorte, ou sei lá o que que foi – talvez era para acontecer – é que o pediatra estava entrando de plantão. Aí, me socorre. Isso marca minha história, marca história da mãe. Eu nasci lutando pela vida, e eu luto até hoje. A família só chegou no hospital no outro dia à tarde.

 
A superação da mãe, que enfrentou muita coisa sozinha, também está refletida em outro momento. Tendo realizado o sonho de se formar em Pedagogia, Ana se separa do marido. As três filhas, que já conheciam a exigência da mãe e a obrigação de serem boas alunas, têm de aprender a lidar com limitações e preconceitos de uma cidade pequena.

 
– Éramos quatro mulheres. Não saíamos sem que a mãe nos acompanhasse, porque a gente estava no olho da cidade. Tinha muito julgamento. Um pouquinho mais adiante, a gente começa a dançar. E a mãe vira patroa do CTG, um lugar forte e de liderança, numa época que mulher nenhuma ocupava esse lugar.

 
Além da mãe forte e desbravadora, Lidiane cita a avó, Maria, como representação de vigor e de afetividade. E atribui às duas seus principais valores, a forma de se dedicar para as coisas e como encara o trabalho.

 
– Nós passávamos as férias na nona, no interior de Porto Mauá. Era a magia dos nossos verões... ajudar a tirar leite, recolher os ovos, acampar, ir para o rio. A gente amava. Eu lembro até hoje: ela ficava na barranca do rio, gritando para a gente não ir para o lado do fundo. Trazia todo esse afeto, carinho de vó. Ela não parava, não conseguia ficar quieta. Assim até o final da vida dela. Estava na cozinha, fazendo fogo, estava lá mandando tudo.

MUITAS MULHERES

A sequência de referências avança para as irmãs. Mesmo com personalidades muito diferentes, um trio que vive em lugares distantes, mas é muito unido.

 
– O incrível é que do pé de guerra, na adolescência, passamos para uma relação muito forte. Temos uma certeza de cumplicidade, de que uma apoia a outra. A mãe incluída nesse pacote. Eu sou grata por ter tido essa oportunidade de ter vivido junto com as gurias, termos crescido juntas.

 
Lidiane identifica muitas outras referências femininas que ajudaram a moldar o seu jeito de ser. Traz o nome de Rose, uma pessoa vistosa, bonita e cheia de si, com quem conviveu a partir dos 12 anos, no grupo de jovens da igreja. Também as garotas do CTG, que a apoiaram em seu primeiro enfrentamento, a virada da chave para perceber que é possível se posicionar e provocar mudanças de rota. E, aos 17 anos, quando ingressa na UFSM, a irmandade construída com colegas de moradia na Casa do Estudante.

 
Já na Psicologia, a qual cursa em paralelo à Filosofia, depois de um pico de estresse surgem professoras-referências:

 
– Eu faço uma virada de página e escolho a área da Psicologia Organizacional. E a Cláudia Perrone se torna uma inspiração. Ela trazia referenciais e me provocava, mas nunca me deu uma resposta. Aprendi a decidir por mim. E quando fiz as disciplinas de gestão de pessoas, na Administração, surgem as duas Vânia, a Flores e a Estivalete, e eu me apaixono de vez pela área.

 
Para Lidiane, elas são decisivas. A partir daí, segue-se um trajetória profissional em ascensão e outra profusão de referências. Da atuação na Rodoviária, tem a Aline Aita, que a fez ver a importância de saber falar de forma direta e objetiva. E a Dóris Garcia, uma gerente de RH que direcionou seu olhar para o respeito ao tempo das empresas. Com as estagiárias, nutriu-se de inquietação e renovação constante; e cita as mulheres independentes, que agregam a possibilidade de se permitir curtir a vida, e a parceria das gurias do vôlei.

 
– Já no mundo da Gastronomia, a Dayse é minha parceira. A gente toca o Verdito lado a lado, acrescenta Lidiane, que fecha o grande grupo de inspiradoras trazendo as mulheres empreendedoras, que se encontram a cada 15 dias para troca de saberes e mútuo apoio.

 
São inúmeras inspirações que não cabem em uma página, mas têm espaço garantido no coração de Lidiane.


INSPIRAÇÃO

 
Acesse o QRcode abaixo e assista à íntegra da entrevista. O programa “Inspiração” é um projeto da mentoria Fabiana Sparremberger Liderança e Soluções, em parceria com a Santa Maria Vídeo Produtora, e veiculado na rádio CDN, TV Diário e no You Tube do Diário.





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